Compreendi
aquele instante de hermética reflexão,
Em que estava
aquele homem na minha frente a procurar.
No silêncio
dos meus passos, amorteci a pulsação,
Impelindo na
ação, cautelosa a observar.
Deparei-me
com seus olhos percorrendo as mobilias
Na poeira
impregnada sob a mesa de jantar.
Seu semblante
sossegado alastrava nostalgia.
Não veria
semelhança em nossa forma de sonhar.
Sua mente
alforriada percorria a imensidão,
Desatando as correntes
e o teto a sufocar.
Salivava
descontente o sabor da solidão,
Impregnado no
seu corpo o desgosto de gostar.
Emudecido
suspirava a canção do desamor,
Orquestrando
o silêncio das paredes decompostas,
Empoeirada
sua alma desusada, sem valor,
Enterrado no
oculto da miséria preciosa.
Constrangi-me
a observá-lo em momento tão distinto
De meditação,
vivência, demência e concentração.
Recolhi a
eloquência, abandonei-o a seu jazigo
E parti tão
mais sozinha ao deixar-lhe a solidão.
(Vanessa
Rodrigues)
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